O Abismo segundo o fruto de viagens astrais

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O Abismo Sob á ótica de Viagens Astrais

O Abismo segundo as escrituras representa o inferno profundo, um estágio de declínio onde se pode ser categorizado pelo grau de descida.

No Novo testamento temos a referência de onde o abismo seria um local intermediário ao mundo espiritual entendido como paraíso (céu) e o lugar onde as almas esperam uma espécie de redenção, lugar em que muitos cristãos chamam de SEIO de ABRÃO, e para os CATÓLICOS o purgatório.

Quando Jesus expulsa alguns demônios em seu tempo, eles pedem a ele que não os lança-lhes de volta no abismo, mostrando assim que existe vários estágios daquilo que muitos compreendem como inferno.

Segundo o ponto de vista espírita, cada caso é tratado de forma especial, diferencialmente entre sí, sendo alguns fatores levado em conta, como na questão evolutiva e karmica do ser que desencarna.

Apesar das diversidades das ideias de algumas revelações espirituais sobre a revelação desta região, vamos aqui analisar umas descrições interessantes, vista de ângulos diferentes.

O que segue abaixo são relatos da interação mediúnica de alguns médiuns, pelo fenômenos conhecido por nós espíritas de projeção da consciência, de visitas a estas regiões conhecido por muitos como inferno.

Em outras postagens tratarei sobre o Reino de Lúcifer e sua relação com o ABISMO, fruto de trabalhos mediúnicos mais recentes, e o que representa esse personagem em seu sentido transcendental, seus poderes, origens e seus planos de domínio sobre a humanidade.

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(Os nove circulos do inferno segundo Dante)

Em 1265, nasceu em Florença, Dante Alighieri, soldado político e poeta, escreveu "A Divina Comédia". Nesta, detalha suas viagens feitas em sonho pelos Planos Espirituais. O Espírito de Beatriz, a partir do Plano Celeste em que se encontrava, se esmera em protegê-lo, solicitando ainda o auxílio de Virgílio um mentor, que o acompanhasse. Assim, passou pelo sofrível e eterno Inferno, pelo Purgatório e finalmente, o Céu, a partir de então, ao lado do Espírito Beatriz, passou a visitá-lo.

Nos primeiros círculos do Inferno vislumbrou as almas sem fé em Cristo, tias como os luxuriosos, os gulosos, os pródigos, os avarentos, os irascíveis, os heréticos, etc. Nele assinala cerca de 34 tipos de comportamentos pecaminosos, muitas vezes cita os nomes dos transgressores que lá encontrou.

A seguir no Purgatório, uma espécie de ponte entre dois mundos externos, que apesar de sítio de expiação é também de esperança. Este, construído por vários planos onde se encontram os soberbos, os invejosos, os preguiçosos, os avaros  os luxuriosos, etc. Preces, visões e exemplos virtuosos também eram constantes.

Finalmente visitou o Céu, onde o aguardava Beatriz, sua amada.

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Bill Wiese

Este pastor protestante passou 23 minutos no inferno, processo realizado pelo fenômeno espiritual chamado de “arrebatamento de espírito” pelos protestantes e desdobramento da conciência ou astral, modernamente pelos espíritas e esotéricos.

Em seu relato ele diz:

"Senhor, por quê eu fui enviado a esse lugar? Por quê?" Ele me disse "Porque as pessoas não acreditam que esse lugar existe. Nem algumas das pessoas da igreja acreditam que esse lugar é real." Fiquei chocado com suas palavras. Eu acreditava que todos deveriam acreditar na existência do Inferno. Ele disse "Vá e conte a eles que Eu odeio esse lugar, não é do Meu desejo que qualquer uma das minhas criações vá para esse lugar, nenhuma delas! Eu não criei isso para o homem. Vá e conte! Eu te dei uma boca, então vá e conte tudo para eles." Você deve apenas ir e falar!" Vá e conte! Vá e conte tudo para eles."

O médium R.A.Ranieri

Em “ O ABISMO” (Obra orientada pelo Espírito de André Luiz) R.A. RANIERI, por viagem astral, enquanto seu corpo dormia, levado por um espírito superior, ele descreve a região que todas as religiões do mundo dizem existir, apenas com nomes diferentes e para onde vamos logo após a morte do corpo. O Inferno, recebe várias versões nas mais variadas religiões e mitologias.

Saindo do corpo

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Meu pensamento foi assaltado por vibrações violentas vindas do seio da Terra. Senti como se um poderoso aparelho detonador me atingisse as fibras mais íntimas e me precipitasse em sintonia com a morte. A princípio pensei que me desintegraria mas a seguir compreendi que a explosão se dera dentro de mim mesmo.

Quiz gritar algumas vezes mas a voz morria-me na garganta como se sufocada por mão de ferro. Acovardei-me e entreguei-me à vontade de Deus. e repente, senti que não estava sozinho. A meu lado estava Orcus que me contemplava afetuosamente.

Olhei-o com atenção e verifiquei que era uma criatura formidável. Longos cabelos brancos, ligeiramente enrolados como se fossem cordas desciam-lhe pelos ombros. Rosto enorme, redondo "aquadradado" sobre um pescoço taurino e peito descomunal. A túnica aberta ao peito dava-lhe ao conjunto a expressão de um dos antigos profetas, talvez Isaías ou Pedro, o apóstolo. O céu repleto de estrelas parecia conter-nos apenas a nós dois estabilizados no espaço por uma força que equilibrava a lei de gravidade.

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Onde estamos, Orcus? — interroguei Você, meu filho, sofreu um processo de liberação parcial das células perispirituais afim de adquirir "leveza" para a viagem. Prepare-se para descer. Aqui, meu amigo, iniciaremos a nossa jornada em demanda das profundidades e dos abismos onde habitam os Gênios da sombra e do mal. Senti uma espécie de calafrio. 

Como mergulhadores, abraçados) começamos a descer. A mente de Orcus qual poderoso motor vibrava aceleradamente. Minha mente, porém, não podia acompanhar-lhe o ritmo na descida vertiginosa e eu, agarrado a ele, precipitei-me naquela estranha aventura ao encontro do Abismo.

Caminhos sinuosos ,terra escura, escorregadia !

Sem mais palavra, levando-me pela mão, Orcus iniciou a descida pelos despenhadeiros de declives. — O vôo nessas zonas mais baixas não se torna impossível, levantaríamos um clamor inútil, pois que essas criaturas que vivem nas trevas acreditariam que somos enviados celestes para salvá-las, — explicou Orcus.

Os caminhos eram sinuosos e a terra escura, de um marrom fechado e escorregadia. À proporção que descíamos notei que paredões enormes subiam o abismo.

Mais Abaixo

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Nisto, fomos surpreendidos por enorme serpente de cor escura, que atravessou em nosso caminho. A serpente passou por nós sem nos perceber. Contudo, de repente, voltou-se para nos ver .

A serpente possuía cara de homem e nos olhava com os olhos chamejantes. A cara presa à casca deixava entrever um ser "humano" escravizado a terrível prisão. O olhar do "ofídio" era de tristeza e dor.

— Piedade .'Piedade! suplicou-nos com acento tristonho. — Como te chamas? interroguei. — Para que desejas saber meu nome? Aqueles que caíram tanto não têm mais nome. — Porque vives assim escravizado à roupagem de uma serpente? Egoísta e mau reduzi meu corpo espiritual à forma rastejante que agora vês. Jamais tive um pensamento de amor para quem quer que seja e nunca estendi a mão ao pobre e ao sofredor. Como castigo, perdi as mãos e rolo nos abismos. Orcus apertou-me a mão dando-me novo ânimo. — Só o tempo poderá arrastar-te das sombras para a luz. Nada poderemos fazer infelizmente.

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Gritos de fantásticas aves negras

Eu ainda estava preocupado e fomos surpreendidos pelos gritos de fantásticas aves negras que, em bando, cortavam os espaços abismais. Pareciam enormes morcegos de asas sem penas, porém revestidas de leve pêlo ou penugem.

Orcus, contudo, disse-me naturalmente: — Observe que também exibem estranhas fisionomias de criaturas humanas. Realmente, as aves eram outros tantos condenados às deformações das formas perispirituais.

Desgraçados lutavam para alcançar a margens do rio

Detivemo-nos à margem de enorme rio de águas que em turbilhão rolava a nossos pés. Nova surpresa se estampara em meus olhos. Orcus percebeu porque me disse.

— As águas deste rio que se chama platino lembra a prata líquida. No fundo da terra correm diversos rios dessa natureza. Grandes massas líquidas formam o interior do nosso mundo, como se vê... Apontou-me Orcus com o dedo em riste as águas turbilhonantes e exclamou: — Contemple! Contemple bem firme essas águas que correm e veja o que elas levam! Abri os olhos desmesurados ao contemplar o rio. Centenas de milhares de criaturas desgrenhadas rolavam em meio às águas como que arrastadas e batidas umas contra as outras no turbilhão escachoante.

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— Esses são aqueles que se deixaram dominar por todas as paixões e agora sofrem na fúria das águas desencadeadas sobre si mesmos. Ouvi a voz de Orcus como quem escuta um grito lancinante de dor porque minha visão agora ampliada gentia que aqueles desgraçados lutavam para alcançar a margens do rio e não o conseguiam.

Quanto mais lutavam contra a impetuosidade das águas mais estas arrastavam e abraçavam em fúria incontida. Às vezes formas feminis se agarravam a formas masculinas na ânsia desesperada e má. Não pude contemplá-los por muito tempo porque eu também comecei a sentir em mim o tumulto de paixões desenfreadas. Orcus protegeu-me, no entanto, com a sua serenidade superior e eu voltei à paz !

Sinuosa, escura, estreita, e nauseante a estrada

Seguimos por um estreito trilho que margeava o rio até defrontarmos enorme rochedo de pedras nuas por onde o caminho, do outro lado, uma espécie de campina onde algumas árvores esquisitas levantavam os galhos retorcidos nos esperavam.

Aquelas árvores também pareciam formas vivas de seres que se "vegetalizavam"... Esbocei um pensamento estranho. Orcus imediatamente, lendo-me as imagens mentais, esclareceu: — Realmente, meu caro, há os que se precipitaram nas formas vegetais e vivem agora aprisionados no que se poderia chamar de inércia aparente... São corações aflitos e inteligências que foram caindo, caindo. Evoluir é conquistar graus cada vez mais adiantados de consciência. E conquistar graus de consciência é simplesmente conhecer-se a si mesmo.

Dragão? Quem é o Dragão?

Percebi que à proporção que penetrávamos no Império Terrestre uma terrível angústia tentava dominar-nos o coração. Ali, não me sentia agora tão seguro como antes. Tudo que nos rodeava parecia ter vida e dentro de cada pedra ou no interior de cada acidente do caminho estranhas formas sepultadas ansiavam por se comunicar conosco. Orcus estava sereno. 

Eu, porém, submetido àquelas impressões desconcertantes, arrastava-me um pouco aturdido como se névoas esquisitas invadissem-me a mente. Orcus passou-me a mão delicada sobre a testa e disse: — Nada tema. O que sente é a aproximação cada vez mais intensa dos olhos do Dragão.

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— Dragão? Quem é o Dragão? balbuciei. — Meu filho, em todas as épocas da humanidade, o Dragão simbolizou as forças do mal ou a legião de seres revoltados que lutam contra Jesus. Não se recorda de Satanás? É o mesmo símbolo. No entanto, aqui nós encontramos realmente figuras que representam o Dragão que se opõe a Deus. 

Há sempre no fundo da Terra um Dragão que domina o Império dos Dragões mas isto não é somente na Terra, em todos os mundos de vibração semelhante à Terra existem os filhos do dragão ou seja aqueles que não querem aceitar a lei de Deus e só evoluem sob a força compulsória da mesma Lei.

Mas existe então nesta região um ser que se diz o Dragão? — Existe, grande, enorme e terrível. É possível que você o veja e que também conheça os seus filhos. Calei-me. Um silêncio sem limites tomara conta de minha alma.

O olhar daquelas criaturas era triste e dolorido !

Ainda não andáramos muito e defrontamos imenso lago de águas paradas, de um verde muito claro e transparente. — Toque-o com o dedo — aconselhou Orcus. Abaixei-me e toquei as águas. Assombro e estupor encheram-me a alma e cobriram-me a fisionomia. Não havia possibilidade de mergulhar o dedo ou a mão naquela água. Era uma massa gelatinosa e esquisita. Levantei-me assustado e afastei-me um pouco.

Na massa líquido-gelatinosa eu vira um rosto que me olhava. Ansiosa e doloridamente. E quanto mais eu olhava outros muitos me contemplavam cheios de angústia como me implorassem algo que eu não saberia dizer. Olhei-o angustiado e voltei a contemplar na gelatina aqueles que me olhavam como quem olha velho conhecido. O olhar daquelas criaturas era triste e dolorido e parecia brazas de fogo a queimar-me a alma. — Porque estão aí? — interroguei. — Perderam a forma humana.

Degradados pela permanência no mal, desceram até o mais profundo abismo e não têm mais "corpo espiritual". Por isso, não poderão reencarnar tão cedo. A Bondade Divina porém permite que estacionem nessa massa difusa, informe e vaga que os conterá por muitos séculos e milênios

Nos braços amorosos da Terra e em seu seio de mãe, lentamente, se recuperarão para reiniciar a marcha de volta. Estão na profundidade e anseiam pela superfície. A superfície para eles é a superfície da Terra onde os homens vivem e representa para essas criaturas uma espécie de céu ou de esfera superior.

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Turba sombria multidão criaturas esfarrapadas

Eu bem não me refizera do espanto, quando Orcus apontou-me uma turba sombria, verdadeira multidão de criaturas esfarrapadas e tristes, cobertas por mantos ou panos cor terrosa, colocadas no lado oposto do lago. Contemplavam-nos de longe com os olhos voltados para o chão. Temiam talvez contemplar-nos. Compacta multidão de seres irreconhecíveis aos homens da Terra.

Eu quero! Eu quero! — bradou uma voz do outro lado do lago, interrompendo-nos a meditação. — O que queres? — perguntou Orcus. — Quero voltar! — ajuda-me. — Eu quero! Eu quero! Eu quero! — gritaram milhares de vozes enchendo o abismo de rumor de ondas de oceano que semelhavam quebrar em praias distantes... Depois, gritos horríveis e tristonhos de angústia sem fim sucederam-se aos primeiros berros

Gemidos lancinantes, uivos, gargalhadas e choros de verdadeiros loucos. — Deixa-nos voltar à Superfície! Deixa-nos, Anjo do Abismo ! Orcus deteve-se também cheio de palidez e tristeza como quem desejasse fazer alguma coisa e não pudesse. Vi-lhe o coração cortado por mil dores e a alma cheia de compaixão.

Os terríveis dragões, perversas entidades !

Inferno - Dante Aligheri

De repente, porém, um vozerio diferente sucedeu ao tumulto anterior. Estalos estranhos, como se chicotes de capataz azorragassem escravos na senzala. Raios cortaram o espaço e a onda "sub-humana" recuou espavorida... O que é isso? — interroguei assustado. — São os dragões — esclareceu Orcus. Os terríveis dragões, perversas entidades que governam estes ermos com intensa crueldade. Incapazes de cumprir as leis de Deus, organizam-se para o Mal. Escravizam e fazem sofrer.

Quedei-me com o coração a bater descompassado. O vozerio, ao som da vergasta, desapareceu nas trevas mais profundas. Voltei a contemplar o lago. Lá estavam aquelas caras estranhas a me olharem estranhamente Começamos a sentir os primeiros sinais do Império dos Dragões — disse Orcus. Além destas zonas mandam eles, por Misericórdia Divina.

Não entendi bem, porque Orcus contemplou-me como um pai a um filho e ensinou: — Tudo que ocorre no Universo depende da Misericórdia Divina. — Mesmo o mal? — Mesmo o mal. Deus não violenta consciências nem constrange ninguém. Organizou as suas leis que governam os fenômenos naturais de todo o Universo e dentro delas os seres se movem.

O mal é a ausência de bem. No entanto, o mal é apenas resultado da inconsciência das criaturas. Os dragões vivem porque as leis divinas permitem que eles vivam e fazem sofrer porque as leis divinas permitem que façam sofrer. Um dia, a força mesma da lei, os arrastará de novo à superfície para sofrer e por sua vez viver !

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Como seriam os dragões?

— São seres maus, perversos, terríveis. Endurecidos por muitos milênios de maldade. Isto aqui é um verdadeiro inferno mas não é Inferno Eterno. Só o Bem pode ser eterno. O mal não. O mal é ausência de bem assim como a sombra é somente ou simplesmente ausência da luz.

Ouvimos, um rugido ensurdecedor. Estremeceu o abismo, toda palavra ou todo o pensamento silenciara ao estertor daquele grito desumano. Senti o coração esmagado por um terror indizível. Orcus me abraçou e disse: Não se aterrorize. É o Dragão. Não pude responder nem interrogar.

Contudo, caminhávamos ao seu encontro, a nossos pés seres estranhos exibiam as faces cadavéricas e patibulares reunidos como crocodilos inofensivos e apalermados.

Olhei-os estarrecido. Homens-monstros e homens-feras como que magnetizados arrastaram-se nas reentrâncias do caminho solitário, A voz estentórica do Dragão talvez lhes tivesse paralisado a ação porque alguns ofereciam olhares aterrorizados e tristes como se houvessem recebido em cheio em plena alma punhaladas de infinita dor. Se quiséssemos poderíamos afagá-los com a mão como se fossem animais domésticos inofensivos. Mas observei que assim que acabávamos de passar por eles, uma onda de gritos, uivos e expressões de revolta nascia no meio deles. Voltando-me para vê-los, contemplei-os em luta uns com os outros entre devorando-se como cães.

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O Dragão pareceu sorrir satisfeito

Observei que algumas daquelas criaturas foram se prostrar aos pés do monstro. Rendiam -lhe culto como se ele fosse um Deus.

Orcus passou-me a destra frente aos olhos e senti que minhas percepções se ampliaram grandemente como se eu, de súbito, colocara poderoso binóculo. Passei a vê- los de perto, como se estivessem ao alcance de minhas mãos. Recuei aterrado.

Aqueles espíritos possuíam um só e único olho em plena testa e a fisionomia cansada lembrava animais antediluvianos. A pele terrosa semelhava couro endurecido e áspero. O olho era grande e a pupila fixa exibia raios de sangue em todas as direções.

O Dragão pareceu sorrir satisfeito e acalmou. Tive a impressão que falava-lhes uma língua estranha.

De toda a parte então, como se saíssem das próprias rochas, saltaram criaturas esquisitas, de todas as formas e feições e foram se ajoelhar contritas na praça. Vi seres que se arrastavam dolorosamente na ânsia de se aproximarem o mais possível. Cobras e lagartos, macacoides e aves negras que se dirigiam para o Dragão a fim de lhe prestar homenagem.

Acreditei que toda a criação inferior do mundo ali se reunia sob a força de poderoso magnetismo.

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Seres diabólicos acompanhavam nossos passos !

A nossos pés comecei a perceber olhos estranhos que pareciam fincados na terra e "feições patibulares" refletiam-se no solo. De repente, senti que por toda a parte uma legião de seres diabólicos acompanhavam nossos passos e o meu coração encheu-se de temor. Valeria à pena descer mais?

Nada tema. O Senhor está conosco. As trevas não prevalecerão contra a luz e o Mal não vencerá o Bem jamais. Esses seres que habitam o Abismo são de fato criaturas que "desceram em si mesmas até o fundo dos abismos mais insondáveis".

Perderam o controle da mente consciente e caminham na descida vertiginosa. Passarão numa espécie de retrospecto pela fieira da animalidade através da qual um dia ascenderão a estágios superiores da consciência. Cairão, contudo, provavelmente, não se perderão. Nos mais recuados infernos penetra a Bondade de Deus, nosso Pai, para salvar os que estão perdidos...

Atafon

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Então um anjo de porte majestoso e fisionomia impressionantemente bela estendeu-nos a mão. Era um jovem de augusta beleza. Túnica simples e diáfana e pele lirial. Seu rosto também não demonstrava sexo. Eu sou Atafon —, falou-nos ele com voz profundamente doce. E controlo os caminhos do Abismo mais profundo.

Contemplei as linhas perfeitas de Atafon. Perfeição absoluta para os meus olhos de espírito mortal. Olhou-me carinhosamente e perguntou a Orcus: — O nosso amigo, pelo que vejo, ainda desfruta das alegrias da reencarnação na Terra, não é certo? — Sim. Respondeu Orcus. Permitiu o Senhor que descesse comigo ao fundo dos abismos. Tem compromissos milenares com a esfera física e com os abismos — Terei prazer em facultar a descida sob proteção aos Grandes Abismos. Até certo ponto, eu mesmo os acompanharei. Contudo, de longe os "Guardas Abismais" vigiarão

Um vento frio começou a soprar lá fora e uma onda imensa de queixumes perpassava neles. — São os lamentos das almas desesperadas, que através da acústica dos penhascos vêm até nós. Esse vento frio é o Teon. Sopra às mesmas horas todos os dias e dessa forma podem os infelizes que habitam estas zonas ter uma ideia de tempo, como se fosse um relógio.

A incapacidade para medir o tempo é uma das provas mais dolorosas destes abismos. A sensação de "eternidade na dor" produz em cada ser uma profunda angústia que desperta neles uma revolta contra Deus... — A "força da Lei" faz com que retornem pouco a pouco à superfície. Não há injustiça de Deus nem a perda de "compreensão do tempo" é um castigo.

"Não amamos Deus. Nosso mestre é o Dragão".

Havia um portão enorme em arco que estava escrito : "Não amamos Deus. Nosso mestre é o Dragão". Atafon sorriu com indulgência.

— Esses seres querem demonstrar o seu desprezo a Deus, com essa inscrição. Deus, todavia, há de amá-los sempre até que um dia retornem ao domínio da Lei. O que os homens e os espíritos pensam de Deus nada representa para Ele que é Pai amigo e justo e os aguardará de braços abertos até o final dos séculos. Aí habitam os espíritos maus que ainda pensam que são homens.

Adentramos numa cidadela, batemos na primeira casa. A porta entreaberta deixou ver uma criatura horripilante, que nos fitava desesperada. Cabelos desgrenhados e olhos esgazeados. A face descarnada dava-nos a ideia de alguém dominado pela lepra.

Era uma mulher. Desfigurada, só longinquamente nos lembraria um ser humano. A mulher não nos disse nada. Sabíamos, no entanto, que havia nela o desespero sem nome. Retiramo-nos silenciosos.

Se a humanidade soubesse o que existe ........

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Prosseguimos os três na ruela escura e fétida. — Se a humanidade soubesse o que existe aqui em baixo! — exclamei com um profundo suspiro. — A humanidade já foi informada do que existe — esclareceu Orcus —, o que ela acredita porém é que isso constitui um inferno eterno. Não há eternidade no Mal. A Lei de Deus não fez o inferno eterno. O que existe são zonas infernais onde as consciências culpadas se reúnem atraídas por imposição inexorável da Lei de Afinidade. O espírito sob o impulso da Lei de evolução aperfeiçoa-se, adquire leveza e sobe.

Da mesma forma, se estaciona no mal, embrutece-se, torna-se pesado e desce. Essa é uma lei ainda desconhecida dos homens mas que funciona rigorosamente nos planos espirituais e tanto atinge o espírito encarnado quanto o desencarnado. É o que poderíamos chamar peso específico do perispírito.

Quando a mente abriga pensamentos de ordem superior ou de alta vibração, nascem os sentimentos de projeção superior que produzem correntes vibratórias mais velozes trazendo como consequência direta maior leveza do períspirito. Como um balão, o espírito busca então, as alturas espirituais ou desce às profundezas do abismo...

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Seres esquisitos se escondiam

Na sombra, percebíamos que à medida que avançávamos, seres esquisitos se escondiam nos ângulos mais escuros dos caminhos.

Nestas profundezas, os seres que aqui residem quase sempre sentem-se ansiados pela atmosfera asfixiante e de baixa vibração. Embora ferozes, maus e desvairados, não conseguem sobrepor-se às forças da natureza ...Esses grandes seres do mal expedem instruções para a superfície através de outras criaturas que lá em cima lhes cumprem as ordens rigorosamente acreditando- se instrumentos da Grande Justiça. Interferem na vida humana e de certa forma justificam a teoria de que o diabo disputa a alma do homem.

Salva-nos! Arranca-nos deste lodo e desta desgraça

Gemidos partidos das fibras mais íntimas de seres desconhecidos encheram as praias de lamas sombrias. Algazarra terrível que enchia-me a alma de terror e assombro! O que seria aquilo? — Atafon! Atafon! — Salva-nos! Arranca-nos deste lodo e desta desgraça. Subitamente sufoquei na garganta um grito de terror. Sob meus pés uma criatura em tudo semelhante à rã se arrastava. Pernas longas, braços curtos, gelatinosa e transparente. Olhava-nos talvez com suprema angústia no olhar. A fisionomia, aproximada do rosto humano das raças mais inferiores da humanidade.

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Arfava e a boca entreaberta deixava escapar-lhe profundos suspiros de uma espécie de tristeza dolorosa. Tinha o tamanho de um homem. Senti que dele vinha até mim uma corrente de vibrações que penetravam-me o organismo espiritual . Outros seres como aquele começaram a surgir e arrastar-se a nossos pés. A princípio dois ou três e depois, uma multidão.

— São homens! — exclamei fora de mim levando as mãos que soltara de Orcus, sentindo que minha cabeça andava à volta. Profunda repugnância dominou-me os sentidos. Rajadas de vibrações inferiores, partiam daquelas criaturas e atingiam-me. Pensei morrer mais uma vez... Não fosse Orcus e provavelmente teria caído inconsciente no lamaçal infecto. Eu não poderia contemplar por mais tempo aquelas fisionomias angustiadas ou apáticas que me fitavam fixamente. Como podiam as criaturas humanas descer tanto na escala espiritual?

Atrás ficaram os gritos dos seres horripilantes que havíamos encontrado. A Justiça dos Dragões é rigorosa e terrível! Ai daqueles que caem nas mãos dos Dragões!

A degradação da forma atirando os espíritos endurecidos no mal aos abismos trazia como consequência o cumprimento de leis físicas, químicas ou magnéticas de alcance universal. A tortura, porém, e o desapiedado sistema de escravizar os seres corria por conta dos Dragões. A queda da forma nos planos inferiores — é um fato. A mente pode, aumentando sua vibração, atingir a angelitude, como diminuindo, se precipitará nos abismos da forma.

À frente defrontamos uma mulher ,observando melhor verifiquei as criaturas espirituais que perderam todos os membros pela mentalização e conduta no mal, em luta contra as leis de Deus à espera do despertar para subir ou retornar ao domínio da Lei renovadora. São como sementes na Terra ou como ovos.

São os chamados espíritos ovóides,a forma como vêem deforma-se,desgasta-se e degrada-se. — Meu filho, meu filho! Quando voltarás a me reconhecer? Tão grande era o seu desespero que nos comoveu. Jamais poderia imaginar que naquelas regiões pudesse medrar o sentimento e o amor!

Como era terrível contemplar aquela mãe que se dirigia ao filho encarcerado em si mesmo! Nem um som, nem uma palavra, nem um movimento veio dele. Impotente, clamou desvairada: — Malditos Dragões que nos aprisionam e escravizam! Porque fizeram isso com meu filho! Malditos, malditos sejam todos! —Jamais me esquecerei daquela mulher desesperada dentro dos abismos!

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Seres estranhos e sinistros !

— Não conhecem a lei que os desgasta e deforma — explicou solícito — crêem que a degradação da própria forma é obra dos Dragões. Estes por sua vez, criaturas inteligentíssimas e más, conservam-nos nessa crença absurda a fim de melhor governá- los. Aproveitam-se da força da lei real e conquistam com esse estratagema o respeito de milhões de espíritos que nestas regiões se debatem nas malhas da forma degradante e degradada.

Seres estranhos e sinistros passavam por nós em todas as direções, todavia o olhar parecia-lhes distante e perdido. — São inconscientes? — perguntei. — Na realidade são, esclareceu Orcus. — O pensamento deles conquanto exista, permanece longe ou em botado. Não se lembram, muitas vezes, da esfera de cima, perderam a noção de valor ou de forma humana.

— Senhor! Senhor! Perdoa-nos o mal que praticamos! Estarreci. Porque não ajudar a esses que estavam arrependidos? — De nada vale, disse Orcus — conduzi-los simplesmente das trevas para a luz. A mudança de lugar apenas não lhes altera a intimidade do ser. Só o tempo poderá reconduzi-los à superfície com sucesso.

— E esses gritos de arrependimento não são verdadeiros? — É possível que sejam, mas não está escrito que não basta dizer "Senhor! Senhor!"? A evolução é inexorável e a lei que permitiu a descida exige condições para a subida. Ninguém desafia impunemente as leis de Deus. O doente hospitalizado em estado grave, pelo fato de gritar Senhor! Senhor! não fica curado imediatamente, fica? Terá que aguardar a cura lenta que os medica mentos lhe proporcionaram.

Nós apenas percorremos até agora lugares situados na faixa interior da Terra que se convencionou chamar Abismos. Logo em seguida, descendo vem o que se chamou sub-abismos ou abaixo dos abismos. São regiões mais profundas situadas em faixa imediatamente inferior àquela em que estamos. Meu filho, seguimos sempre na direção do centro. Desce-se e sobe-se. No momento, infelizmente você não está em condições de descer mais, deverá satisfazer-se somente com a informação da existência dessa faixa que lhe ficará por ora desconhecida.

Fontes : Diversas Obras Espíritas e outras fontes mais


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